Lula joga Cappelli para escanteio e se aproxima de Arruda

Diante da falta de viabilidade de Ricardo Cappelli nas pesquisas, presidente do PT busca nome forte para 2026 e considera ex-governador, que enfrenta rejeição e problemas na justiça

A eleição de 2026 no Distrito Federal começa a ganhar contornos de uma verdadeira “costura política”. Diante de um cenário em que a esquerda enfrenta dificuldades nas pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sinalizado a busca por um nome de peso para fazer frente à base do governador Ibaneis Rocha (MDB). Fontes próximas ao Planalto indicam que, além de Ricardo Cappelli (PSB), o ex-governador José Roberto Arruda (PL) entrou no radar como uma aposta arriscada.

Lula e o risco da aposta em Arruda

A aproximação de Lula com Arruda é vista como um movimento perigoso para desequilibrar a forte base do atual governo. Afinal, o ex-governador, cassado em 2010 por corrupção, tem um histórico manchado pela Operação Caixa de Pandora, que o levou à prisão e à cassação, e esse passado ainda é lembrado por muitos eleitores.

A viabilidade de uma candidatura de Arruda, no entanto, depende diretamente de uma decisão de Lula: a sanção da Lei da Ficha Limpa (PLP 192/2023). O texto, aprovado pelo Senado em setembro de 2025, reduz os prazos de inelegibilidade, podendo abrir caminho para que o ex-governador se candidate em 2026.

O isolamento de Ricardo Cappelli nas eleições do DF

Enquanto o nome de Arruda ganha força nos bastidores, a pré-candidatura de Ricardo Cappelli, atual presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), parece perder fôlego. Visto como o nome mais viável da esquerda, o ex-interventor federal no DF em 2023 enfrenta resistências internas e a percepção de ser um “forasteiro” em Brasília.

Um sinal claro desse isolamento foi a reunião, em maio de 2025, que excluiu Cappelli e reuniu figuras importantes da esquerda local, como a senadora Leila do Vôlei (PDT), o ex-deputado Leandro Grass (atual presidente do Iphan) e a deputada Erika Kokay (PT). Grass é cotado para uma coligação, enquanto Leila e Kokay despontam como possíveis candidatas ao Senado, reforçando a ideia de que a esquerda tenta montar uma aliança sem a inclusão de Cappelli, conforme publicado pelo Portal do Callado.

O favoritismo de Celina Leão e a rejeição à esquerda

A principal justificativa para a busca por uma alternativa é a força da vice-governadora Celina Leão (PP). Segundo pesquisa divulgada pelo instituto Real Time Big Data em parceria com a RecordTV, Celina Leão tem 49% das intenções de voto, despontando como favorita e com chances de ser eleita em primeiro turno. Os números mostram a distância da candidata em relação aos demais nomes da oposição: Leandro Grass (PV) aparece com 14%, seguido por Paula Belmonte (Cidadania) com 7%, e Ricardo Cappelli (PSB) com apenas 5%.

Sua chapa para o Senado deve ter o ex-governador Ibaneis Rocha e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o que representa um desafio enorme para a oposição.

O cenário das pesquisas indica que o eleitor brasiliense não tem memória curta. Ao contrário do que se observa em outras partes do país, o Distrito Federal tem demonstrado uma forte resistência em eleger candidaturas de esquerda, preferindo nomes que se alinham à centro-direita. A desaprovação de 59,7% de Lula, segundo o Paraná Pesquisas de agosto, na capital do país, reflete essa tendência. Essa realidade do eleitorado do DF é o motor que leva o PT a buscar nomes fora de sua base ideológica, como Arruda.

 

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