A preocupação da pesquisadora é o fato de que se a desigualdade continue por muito tempo, pois isso possa ter consequências no desenvolvimento do país.
Luiza Ventura Lima, de 21 anos, é universitária e mora em Duque de Caxias (RJ), na Baixada Fluminense. Ela vai se formar este semestre no Centro Universitário Carioca, uma universidade privada que funciona no bairro do Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, no curso de jornalismo.
Vinda de uma família negra em que nem seus pais e avós possuem ensino superior. Recorda de ter apenas duas pessoas negras em sua turma, nenhum professor negro, mas lembra de ser atendida por funcionários administrativos e faxineiros negros.
Segundo pesquisa, executada por Tatiana Dias Silva, publicada em agosto de 2020 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 36% dos jovens brancos, na mesma faixa etária de Luiza, estão estudando ou finalizando a graduação. Já os pretos e pardos, esse percentual cai pela metade: 18%. A Meta 12 do Plano Nacional de Educação que, até 2024, 33% todos os jovens de 18 a 24 anos estejam cursando ou terminando a universidade.
A preocupação da pesquisadora é o fato de que se a desigualdade continue por muito tempo, pois isso possa ter consequências no desenvolvimento do país, “como sociedade isso é inadmissível. Se a questão racial é um elemento estruturante, ele precisa ser enfrentado”. Tatiana ainda se questiona como podemos imaginar um progresso do país sem levar em conta o desenvolvimento de todos.
A partir da base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo de Tatiana Silva contabiliza que, em 2017, 22,9% de pessoas brancas com mais de 25 anos tinham curso superior completo. A proporção de negros com a mesma escolaridade era de 9,3%.
O acesso de alunos negros ao ensino superior cresceu quase 400%, segundo dados do IBGE, feito pelo site Quero Bolsa, entre 2010 e 2019. %. Os negros chegaram a 38,15% do total de matriculados, percentual ainda abaixo de sua representatividade no conjunto da população – 56%. Cursos como medicina, design gráfico, publicidade e propaganda, relações internacionais e engenharia química, não chegam a 30% a presença de negros.