Governadora em exercício Celina Leão assina termo de concessão de terreno à Fundação Athos Bulcão

Esta semana, o GDF sancionou a lei que permite o uso de um espaço no Eixo Monumental para a construção da sede da entidade que preserva o legado do artista que tem profunda conexão com Brasília

No dia em que o pintor e escultor Athos Bulcão completaria 107 anos, o artista e os admiradores de sua arte ganharam um presente póstumo. Nesta quarta-feira (2), a cidade em que o carioca fez morada e história com suas obras retribuiu o seu legado. Em solenidade no Foyer da Sala Martins Pena, do Teatro Nacional Claudio Santoro, a governadora em exercício Celina Leão assinou o termo de concessão de uso do terreno que será utilizado pela fundação dedicada ao azulejista.

A cerimônia celebrou a sanção da lei que autorizou uso, por 35 anos, de um terreno localizado no Eixo Monumental, no chamado Setor de Divulgação Cultural (SDC), para a construção da sede da entidade.

“Eu sempre falo que Athos transformava a arquitetura em arte, ele dava vida ao concreto, com todos os desenhos que ele fez. Ele é considerado um dos artistas plásticos mais prestigiados da arte moderna. Então, tenho certeza que isso traz aqui para o Distrito Federal uma identidade de um povo que tem que se reconhecer pela capital da República. Por mais que seja jovem, ela tem uma história belíssima que precisa ser contada, não só por quem veio, mas por quem mora aqui, que foi acolhido por essa cidade. Nós sabemos que essa cidade tem nordestinos, tem goianos, tem mineiros, mas essa cidade tem história. E eu acho que, a cada dia mais, se consolida a história com atos como esse. Atos de Athos Bulcão”, pontuou Celina Leão.

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O secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes, destacou o caráter histórico do momento. “Dentre todos os mestres que têm esse envolvimento de fazer com que Brasília seja reconhecida como uma grande capital cultural, Athos, talvez, seja aquele que ainda não tinha um espaço reservado para ele, um espaço de memória e de conhecimento da sua arte, que é uma arte que representa muito Brasília. Então hoje é um dia de muita celebração e estamos muito felizes por esse passo importante”, afirmou.

Criada em 1992, essa será a primeira vez que a entidade terá um espaço próprio. Até então, as atividades da entidade vinham sendo desenvolvidas em um imóvel alugado. Há 16 anos, a fundação buscava um local definitivo para abrigar seu acervo e promover ações culturais voltadas à preservação da obra do artista.

“É um misto de emoção, alegria e incredulidade porque a gente luta por isso há 16 anos. Dá um prazer enorme sabermos que vamos poder oferecer ao Athos uma casa mais ampla. É como se estivéssemos retribuindo a ele todas essas obras que estão enfeitando, embelezando, colorindo e dando movimento à nossa cidade”, destacou a secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral.

A concessão só foi possível após o envio de um projeto de lei do Executivo à Câmara Legislativa do DF (CLDF), aprovado em 17 de junho. Como se trata de uma fundação privada, a doação direta do terreno não era permitida.

Projeto

A área cedida possui 1.225 metros quadrados e fica localizada no Lote 12 do Setor de Divulgação Cultural (SDC), entre o Eixo Cultural Ibero-Americano e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O espaço estava sob responsabilidade da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF).

A futura sede foi idealizada por um nome emblemático da arquitetura brasileira: João Filgueiras Lima, o Lelé — parceiro e amigo de longa data de Athos Bulcão. O projeto contempla um complexo cultural com teatro/auditório para 180 pessoas, sala multiúso, museu, galeria, loja e café. A edificação contará com uma cobertura ondulada e uma grande claraboia central, permitindo ampla iluminação natural.

De acordo com a legislação sancionada, a fundação será responsável por todas as despesas relativas à construção, licenciamento, tributos e demais exigências legais. A obra deverá ser concluída em até cinco anos a partir da publicação da lei.

Legado artístico

Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, em 1918, mas foi em Brasília que consolidou sua trajetória artística. O artista plástico veio à capital federal em 1958 convidado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para colaborar com o projeto arquitetônico da cidade.

As formas geométricas e abstratas de Athos Bulcão pertencem à identidade de Brasília. Hoje, suas obras estão espalhadas pelo Quadradinho. São mais de 200 trabalhos entre painéis de azulejo e em relevo – como a icônica empena do Teatro Nacional –, pinturas em tinta acrílica – incluindo exemplares raríssimos na Catedral Metropolitana de Brasília –, além telas e obras de tapeçaria.

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