O tabuleiro político brasileiro está prestes a viver mais uma grande virada e ela será digital. As eleições do próximo ano serão, mais do que nunca, um campo de disputa de dados, narrativas e atenção. E quem não entender o novo comportamento do eleitor conectado, corre o risco de ser apenas mais um nome nas urnas.
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A comunicação política vive uma era em que o “ter redes sociais” já não é o bastante. É preciso entender o algoritmo social do voto, compreender o território das conversas digitais e operar estrategicamente a jornada do eleitor do primeiro contato à conversão final.
O publicitário e estrategista Rafael Medeiros, especialista em mobilização digital com quase uma década de experiência em campanhas políticas, analisa que o digital hoje deixou de ser suporte e se tornou estrutura de comando das campanhas.
“Os dados não mentem: o eleitor está online, se informa online e decide online. A disputa eleitoral de 2026 será vencida por quem entender que a mobilização digital é o novo corpo a corpo e que a construção de autoridade e engajamento não acontece em 45 dias, mas ao longo de todo um ciclo de presença e relacionamento”, explica Medeiros.
O eleitor não quer promessas — quer vínculo
Em um país onde mais de 70% dos brasileiros consomem notícias políticas pelas redes sociais, segundo dados recentes do DataSenado, a disputa pelo voto passa cada vez mais pela construção de pertencimento.
Não se trata apenas de “fazer conteúdo”, mas de compreender a lógica do comportamento social e emocional do eleitor. Medeiros explica que, no cenário atual, autenticidade e segmentação superam o discurso genérico. “Campanhas bem-sucedidas são aquelas que falam com comunidades específicas, com pautas que fazem sentido para elas. Quando o candidato entende o que mobiliza e toca a dor ou o orgulho local, o voto se consolida”, afirma.
Essa leitura fina do território digital é o que diferencia campanhas amadoras de operações vencedoras. Medeiros atua com mapeamento de audiência, CRM político e estratégias de funil de mobilização, práticas que permitem acompanhar o engajamento do eleitor desde o primeiro clique até o dia da votação.
“Não existe mais voto espontâneo. Existe construção emocional, relacionamento contínuo e experiência de pertencimento. As campanhas que entenderem isso terão uma vantagem real”, reforça.
A inteligência digital como centro da estratégia
Com o avanço da inteligência artificial e o uso de dados de comportamento, a política digital entrou em uma nova fase. Plataformas permitem hoje segmentar públicos por valores, hábitos e sentimentos, algo impensável há poucos anos.
Rafael Medeiros observa que, neste novo contexto, a personalização se tornou a alma da comunicação eleitoral. “Cada bairro, cada cidade e cada eleitor têm um mapa emocional próprio. A campanha precisa saber quem está do outro lado da tela e o que o move. A tecnologia é uma ponte, mas é a sensibilidade estratégica que transforma dado em voto”, analisa.
O especialista defende que a figura do estrategista digital é hoje tão importante quanto o marqueteiro tradicional foi nas décadas passadas. “O estrategista contemporâneo é quem traduz dados em decisões. É quem lê o comportamento do eleitor, ajusta a narrativa, mensura resultados e cria movimento real. É o cérebro invisível por trás das campanhas vitoriosas”, destaca.
Do voto ao voto: a nova métrica do sucesso
Enquanto muitos ainda medem resultados por curtidas e seguidores, as campanhas mais estruturadas já operam com outra régua: a conversão política.
Medeiros explica que o processo deve ser pensado como uma jornada o eleitor é identificado, nutrido, engajado e mobilizado até o momento da escolha.
“Campanha não é impulsionar post. É construir relacionamento e presença. É entender que cada conversa, cada mensagem e cada clique podem ser o início de um voto. A tecnologia nos permite criar um ciclo contínuo do voto ao voto”, diz.
Essa integração entre comunicação, dados e estratégia é o que tem transformado campanhas locais em fenômenos regionais. Rafael cita que o trabalho de campo segue essencial, mas agora se alimenta das percepções do ambiente digital. “A rua começa na tela. O que se fala nas redes define o tom das conversas presenciais. As campanhas que compreenderem essa simbiose serão as que vão liderar o debate público”, conclui.
A nova corrida eleitoral já começou
Mesmo antes do calendário oficial, a pré-campanha já acontece e quem começa a se posicionar agora, ganha tempo e autoridade.
O cenário exige preparo técnico, leitura de território e, sobretudo, uma estratégia de mobilização digital bem desenhada, capaz de unir dados, tecnologia e empatia humana.
O marketing político de 2026 será decidido não por quem gritar mais, mas por quem souber escutar melhor. E, nesse novo jogo, a estratégia é o voto mais poderoso.


