Com auxílios para mais de 500 universitários desde 2023, UnDF investe mais de R$ 6,7 milhões em assistência estudantil

O diretor de Assistência Estudantil e Humanização, Pedro Alencar, destaca que os benefícios acompanham a trajetória da universidade desde a criação. Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Política já garantiu auxílios financeiros, bolsas acadêmicas e suporte à permanência de estudantes para mais de 500 alunos da universidade pública distrital

A Universidade do Distrito Federal Professor Jorge Amaury Maia Nunes (UnDF) destinou mais de R$ 6,7 milhões à Política de Assistência Estudantil (PAE), entre 2023 e 2025. O programa, criado pela Resolução nº 2/2023, tem como objetivo reduzir desigualdades sociais e assegurar a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica no ensino superior público e gratuito.

Os auxílios contemplam quatro modalidades: permanência (R$ 660), saúde mental (R$ 450), transporte (R$ 400) e creche (R$ 485). Somados, eles beneficiam estudantes que atendem aos critérios estabelecidos em editais anuais. Os valores são recebidos mensalmente pelo estudante e cada edital tem duração máxima de 12 meses, com a exigência de novas inscrições a cada edital para que mais estudantes tenham oportunidade de contemplação. Desde 2023, mais de 500 universitários já foram atendidos e, neste ano, em torno de 100 estudantes estão recebendo os auxílios estudantis — que são distintos a depender da necessidade e da demanda que o aluno apresenta na universidade.

Segundo a reitora pro tempore da UnDF, Simone Benck, a assistência estudantil é essencial para garantir que os alunos cheguem até a conclusão dos cursos. “Seria um desinvestimento ofertar a vaga e não assegurar que o estudante consiga permanecer até o fim da graduação. Os auxílios são fundamentais para reduzir desigualdades e fortalecer a política nacional de assistência estudantil regulamentada em 2024”, afirmou.

Além dos auxílios financeiros, a PAE inclui a oferta de bolsas e programas de incentivo. Em 2024, foram concedidas 30 bolsas de iniciação científica e 36 de iniciação à docência por meio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), cada uma no valor de R$ 700 — totalizando um investimento anual de R$ 252 mil.

Para 2025, estão previstas 60 bolsas de iniciação científica e 60 bolsas de extensão universitária, também de R$ 700 cada, com investimento anual de R$ 504 mil. Há, ainda, premiações do edital Hackathon Eco Tech, que vai destinar R$ 3,2 mil aos três projetos acadêmicos vencedores.

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O diretor de Assistência Estudantil e Humanização, Pedro Alencar, destaca que os benefícios acompanham a trajetória da universidade desde a criação. “A UnDF já surgiu preocupada em oferecer condições para que o estudante não só acesse, mas também conclua o curso. É um investimento no estudante para que ele consiga atingir o potencial dele, às vezes escondido pela falta de oportunidade. Esse potencial vira um retorno, porque a universidade tem uma preocupação gigantesca em devolver para o DF tudo que é investido aqui, para formar profissionais capacitados para atuar no futuro, formando novas políticas públicas”.

Realizando sonhos

Os beneficiários reforçam que os auxílios têm sido decisivos para a permanência na universidade. O estudante de pedagogia Thiago Mateus Sena, 22, mora em Formosa (GO) e recebe auxílio transporte. Ele lembra que, para frequentar a faculdade, primeiro é necessário que chegar até ela não seja um empecilho.

“Se não fosse esse apoio, eu não estaria na UnDF. O auxílio cobre custos de deslocamento e alimentação, essenciais para que eu continue estudando. Ter um diploma de uma faculdade pública é muito forte, então estar aqui é muito importante para mim e para a minha família. Várias portas se abrem pelo caminho que trilhamos na universidade, eu me enxergo formado em uma profissão que gosto e vai me trazer muitos frutos, assim como a universidade está me trazendo”, conta.

Para a estudante de Letras Inglês, Renata Queiroz, 25, o auxílio saúde mental é crucial para o sonho que é se formar. Após o período pandêmico, muitos alunos precisaram do auxílio, que custeia, por exemplo, o acompanhamento psicológico e psiquiátrico. “Esse benefício mostra que a universidade se importa com quem somos de fato. Eu já abandonei outras faculdades porque não tinha dinheiro e nem saúde mental para estar lá, fatores que preciso por ser uma pessoa neuroatípica. É uma questão de permanecer e me formar equilibrada, com o diploma da UnDF, que foi a faculdade que me abraçou”.

Já o estudante de matemática Raimundo Nonato de Araújo Cunha, de 41 anos, concilia estudos com a criação do filho de um ano e dez meses. Com o auxílio creche para amparar o filho em um local de confiança e o auxílio permanência para complementar a pouca renda, Raimundo foi capaz de cursar a primeira graduação.

“Sei que meu bebê está sendo cuidado em uma boa creche, então fico bem tranquilo nas minhas aulas. Sem esse apoio, eu não conseguiria continuar na graduação. Para mim é um sonho realizado, porque eu sempre quis fazer esse curso de matemática, ainda mais em uma universidade pública e 100% presencial. Eu decidi abraçar essa oportunidade, que é única”, relata.

Aumento no alcance

A concessão dos auxílios tem crescido ao longo dos anos. No edital 2023/2024, foram contemplados 112 estudantes; no edital 2024/2025, o número subiu para 343; e, no edital 2025/2026, foram 339 beneficiários. Os auxílios são cumulativos, permitindo que um mesmo estudante receba mais de um tipo de auxílio, desde que respeitado o teto estabelecido em edital e o aluno cumpra a porcentagem de presença exigida para a continuidade do benefício. Em 2024 também foi instituído um sistema de lista de espera para atender à crescente demanda.

Com cerca de 1.700 estudantes matriculados, a UnDF abriu as portas em 2023 e, desde então, já ampliou a oferta para 17 novos cursos de graduação, além dos já existentes de Medicina e Enfermagem. Em 2025, cerca de 100 alunos estão recebendo auxílios simultaneamente, conforme a demanda e o teto estabelecido nos editais.

A universidade estuda formas de avaliar o impacto dos investimentos. Para a reitora Simone Benck, o retorno é claro: “Os auxílios garantem alimentação, transporte, saúde e cuidado com os filhos, o que reflete diretamente na permanência e no desempenho acadêmico dos estudantes. Ao consultar os estudantes, eles garantem que esses auxílios são fundamentais, além de um investimento que gera transformação individual e social”.

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