Foco no Senado e “vulnerabilidade” de Wilder forçam PL a considerar recuo em 2026

Mesmo com pré-candidatura anunciada, dirigentes admitem nos bastidores que movimento visa valorizar o passe do partido para futura composição com a base governista

O anúncio da pré-candidatura do senador Wilder Morais (PL) ao Governo de Goiás, oficializado nesta semana, esconde uma estratégia pragmática e um profundo racha interno na legenda. Embora publicamente o partido se posicione na disputa majoritária, a reunião que selou a decisão expôs que a prioridade real da sigla para 2026 é o Senado, e não o Palácio das Esmeraldas.

Segundo informações da coluna Giro, de O Popular, a maioria dos aliados de Wilder — incluindo o influente deputado federal Gustavo Gayer — defendeu abertamente que o PL não lance candidato próprio. A tese predominante no grupo é a de fechar uma aliança direta com o governador Ronaldo Caiado (UB) e seu vice, Daniel Vilela (MDB).

Insatisfação e risco de esvaziamento

Nos bastidores, o clima é de apreensão. Dirigentes e parlamentares manifestaram incômodo com a postura política de Wilder Morais. Para uma ala significativa do PL, três fatores deixam a sigla vulnerável:

  • A baixa movimentação política do senador;
  • A resistência em conceder entrevistas e ocupar espaços na mídia;
  • A oposição aberta ao governo estadual.

O temor é que esse isolamento abra espaço para a migração de prefeitos e deputados para a base governista, um movimento de “sangria” que, segundo fontes internas, já começou a ocorrer.

Estratégia de “valorização do passe”

Diante das críticas, o próprio Wilder admitiu na reunião que considerava precipitado entrar oficialmente na disputa agora, citando a distância até o pleito e as incertezas do cenário nacional. No entanto, a direção optou por uma saída política: anunciar a pré-candidatura para posicionar o partido, sem fechar as portas para uma negociação futura.

A leitura entre os caciques do partido é puramente pragmática: definir um nome agora fortalece o PL nas mesas de negociação com o governo. O objetivo é ter margem para recuar lá na frente, caso se feche um acordo favorável com Daniel Vilela. “Se Wilder deslanchar, teremos uma chapa majoritária capaz de eleger um ou dois senadores. Se não, o caminho natural é a composição”, resumiu um interlocutor presente no encontro.

Com o cenário nacional adverso para a direita — considerando a prisão e a falta de protagonismo de Jair Bolsonaro na campanha — o comando do PL goiano reforça que o foco vital em 2026 é garantir cadeiras no Senado, usando a disputa ao governo como alavanca ou moeda de troca.

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