Violação da Lei Eleitoral: Cappelli é acusado de usar ABDI para autopromoção e cai na mira do Senado

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pré-candidato ao GDF, Ricardo Cappelli, é acusado de transformar a ABDI em uma “estrutura paralela” de comunicação para impulsionar sua pré-campanha no DF. O escândalo, noticiado pelo portal Diário do Poder, levou a senadora Damares Alves a acionar o ministro Geraldo Alckmin (MDIC) nesta sexta-feira (14), cobrando investigação imediata sobre o suposto “bunker político” que operaria com recursos e pessoal da Agência, por suspeita de violação da Lei Eleitoral.

Rotina de produtividade

As alegações, baseadas em mensagens internas e depoimentos de ex-integrantes, indicam que a estrutura paralela operava com uma rotina intensa e detalhadamente controlada, simulando a presença digital do próprio Ricardo Cappelli nas redes. A operação visava impulsionar a imagem do executivo da ABDI junto ao eleitorado, caracterizando uma possível campanha antecipada com uso irregular de recursos públicos.

Em orientações reveladas por mensagens da equipe, o trabalho no suposto ‘bunker’ era regido por metas diárias estritas:

  • Responder 70 comentários e 10 publicações por dia nas redes sociais.

  • Enviar 60 mensagens e realizar 30 ligações via WhatsApp.

A denúncia aponta que o grupo era orientado a seguir um “padrão de respostas humanizado”, com foco na correção gramatical rigorosa, pois, como alertava um trecho das mensagens, “O Cappelli é jornalista, não podemos ter erros de português”. Ainda segundo as acusações, cinco celulares e cinco notebooks teriam sido adquiridos recentemente para uso exclusivo desta equipe, sendo utilizados para simular a interação do pré-candidato em grupos de WhatsApp e perfis oficiais, ampliando o alcance de sua comunicação pessoal.

Relatos de ex-integrantes expondo medo e abusos

O Diário do Poder também trouxe à tona relatos de ex-colaboradores do grupo que detalham um ambiente de trabalho instável e abusivo, citando práticas como demissões sem aviso prévio, atrasos nos pagamentos e ausência de registro em carteira.

O clima de insegurança e medo de retaliação era constante, como expressou um ex-integrante, sob anonimato:

“O Cappelli é vingativo. Os caras vão perseguir. Eles têm medo de aparecer.”

Damares cobra esclarecimentos

Diante das denúncias, a senadora Damares Alves formalizou hoje uma cobrança de providências ao ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, pasta à qual a ABDI é vinculada, fazendo o caso cair na mira do Senado. Ela exige que Alckmin esclareça se há investigação interna sobre o uso político da máquina pública por Ricardo Cappelli, reforçando que o MDIC deve garantir a transparência e a total separação entre as funções públicas da Agência e quaisquer interesses político-eleitorais. Para fundamentar a apuração, a parlamentar também solicitou acesso completo a documentos cruciais, como contratos de publicidade e dados detalhados do orçamento de comunicação da ABDI dos últimos 24 meses.

O que diz a Lei Eleitoral

As denúncias de uso de estrutura da ABDI em favor da pré-campanha de Ricardo Cappelli no GDF tocam diretamente em dispositivos da legislação eleitoral brasileira. A Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições) proíbe expressamente o uso de órgãos e estruturas da administração pública para a realização de propaganda político-eleitoral em período vedado ou fora das regras permitidas, buscando garantir a igualdade de condições entre os candidatos. O uso de bens ou serviços públicos em benefício de candidaturas pode configurar abuso de poder político ou econômico, sujeito a cassação de registro ou diploma e inelegibilidade.

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