Com filmes que percorrem quilombos, florestas, salões de baile, canteiros de obras e memórias afetivas, a mostra reúne histórias pulsantes de resistência, arte e reinvenção social pelo olhar de quem vive e transforma o país de dentro para fora.
Evento gratuito acontece entre 27 e 31 de agosto de novembro em Ilhabela
(SP) e online entre 1 a 10 de setembro na Spcine Play
Exibições acontecem no Centro Histórico
Vem aí o 5º Citronela Doc – Festival de Documentários de Ilhabela, que vai acontecer entre 27 e 31 de agosto de 2025, no Esporte Clube Ilhabela e no Hostel da Vila, próximos ao Centro Histórico.
O Citronela Doc é um festival gratuito de cinema documental, realizado anualmente em Ilhabela (SP) e com exibição online para todo o Brasil pela plataforma Spcine Play. São documentários brasileiros de curta e longa-metragem, contemporâneos e premiados, sempre com foco na diversidade de perspectivas, temas e pontos de vista.
Neste ano o festival exibe 37 filmes entre longas e curtas, divididos em duas mostras principais, a nacional e a regional, com filmes do Litoral Norte e Vale do Paraíba, produzidos em 9 estados brasileiro, além de dois filmes que usam tecnologias de realidade estendida (XR). A programação ainda conta com debates com realizadores e convidados e outras atividades artísticas, como música e teatro. “O Citronela Doc nasceu do desejo de reunir histórias que não apenas informam, mas provocam, tocam e transformam”, afirma Livia Razente, produtora executiva do festival.
A mostra nacional exibe filmes biográficos como “Ritas”, que refaz a trajetória da Rita Lee (1947-2023) a partir de entrevistas da própria artista. Também se destaca “Criaturas da Mente”, que mergulha nos estudos de Sidarta Ribeiro, neurocientista brasileiro que, há 20 anos, estuda os mistérios do sonhar.
Realizadores indígenas e filmes ligados a esses povos são representados por filmes como “Mundurukuyü – A Floresta das Mulheres Peixe”, assinado por três diretoras indígenas – Beka Saw Munduruku, Rilcélia Akay de Souza Munduruku e Aldira Akay Munduruku – e trata da luta do povo Mundurukuyü para defender seu território diante das pressões de grandes projetos de infraestrutura e das invasões de atividades ilegais. O curta-metragem “Sukande Kasáká | Terra Doente”, de Kamikia Kisedje e Fred Rahal, mostra como o povo Khĩsêdjê é obrigado a abandonar sua maior aldeia após detectar a contaminação por agrotóxicos. Por fim, “Donas da Terra”, de Ana Marinho, foi realizado durante trabalho de campo na Aldeia Indígena Xokó, localizado a 200 km de Aracaju, e busca trazer à superfície narrativas femininas sobre a luta da retomada da terra.
Também as raízes africanas estão em pauta em diferentes títulos da programação do festival. “Alma Negra, do Quilombo ao Baile”, do diretor Flavio Frederico, propõe um mergulho no universo afrobrasileiro por meio da música soul. Por sua vez, “Salão de Baile: This is Ballroom” mergulha no pulsante universo da comunidade preta LGBTQIAPN+ do Rio de Janeiro, explorando a influência da cultura ballroom, nascida na década de 1960 em Nova York. O curta baiano “Na Volta Eu Te Encontro”, de Urânia Munzanzu, se passa em uma cidade fortemente influenciada pelas revoltas caribenhas na qual a população toma as ruas comemorando independência e liberdade de seu povo preto e indígena. “Talvez Meu Pai Seja Negro” busca pela história da família de sua diretora, Flávia Santana, trazendo reflexões profundas sobre identidade, ancestralidade, apagamento da memória negra-indígena no Brasil.
Outras temáticas estarão presentes no festival. Um registro sobre a tradição das benzedeiras de São Cristóvão (SE), o curta “Sobre Plantas, Mãos e Fé” promove uma homenagem ao sagrado e aos saberes ancestrais. Já “Mambembe”, de Fabio Meira, é um filme sobre um filme, uma proposta reflexiva sobre o fazer cinema centrada na busca de personagens. A produção pernambucana “Tijolo por Tijolo”, de Victória Álvares e Quentin Delaroche, acompanha a história de uma influenciadora digital da periferia de Recife e seu marido, abordando temas como desemprego e gravidez.
O curta “Domingo no Golpe”, de Lucas Bambozzi (de “Lavra”) e da artista e professora Giselle Beiguelman, foi inteiramente produzido com imagens captadas em 8 de janeiro de 2023 pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto, em Brasília.
“A Sua Imagem na Minha Caixa de Correio”, de Silvino Mendonça, explora a paixão pelo cinema por meio de cartas trocadas entre leitores de uma revista. Já o longa-metragem “Maestra” acompanha, ao longo de seis anos, o cotidiano de uma rara mulher mestre de obras. Por fim, definida como uma ficção científica documental, o curta-metragem paraibano “A Nave Que Nunca Pousa”, de Ellen Morais, observa o processo da introdução das usinas eólicas em uma comunidade quilombola do sertão nordestino.
O festival
O 5º Citronela Doc é realizado por meio do meio da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), do Ministério da Cultura, e do Programa de Ação Cultural (ProAc) do Governo do Estado de São Paulo, com produção da Associação Cultural Citronela e co-produção de Ver Para Crer, BR8 Cultural e Salga Filmes.
Locais:
Hostel da Vila (27 e 28): R. São Benedito, 202, Centro
Esporte Clube Ilhabela (29 a 31): Av. Força Expedicionária Brasileira, 73, Santa Tereza, Ilhabela (SP)