Oposição leva ex-MST para falar em CPI; governistas pedem anulação da audiência

Convidada relatou prática de crimes pelo movimento, mas não apresentou provas. Governistas pediram que ela fosse responsabilizada e depoentes foram embora antes do fim.

A CPI do MST recebeu nesta terça-feira (30) uma ex-integrante do movimento a convite de deputados da oposição. Nelcilene Reis acusou terceiros de praticar diversos crimes sem prestar juramento ou apresentar provas, o que levou governistas a pedirem a anulação da audiência.

A reunião mais uma vez foi marcada por embates entre ruralistas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, e deputados governistas.

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Nelcilene Reis e seu companheiro, Ivan Xavier, foram convidados em requerimento de autoria do deputado da oposição Rodolfo Nogueira (PL-MS), para “esclarecer sobre as práticas e as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra”. Apenas Nelcilene falou durante a audiência.

Em suas manifestações, a convidada relatou episódios em que supostamente foram praticados crimes como extorsão, trabalho análogo à escravidão, tortura, ameaça entre outros. Nelcilene também disse que se sentia “massa de manobra” e que saiu do movimento porque não gostava de como era tratada.

Sem juramento

Embora convidada, Nelcilene se comportou como uma testemunha, sendo questionada pelos deputados como em um depoimento, ponto que foi questionado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), da base governista.

A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu que a audiência pública fosse anulada, porque a ex-integrante do MST não prestou juramento de dizer a verdade e acusou terceiros de crimes sem apresentar provas.

“Quem senta aqui para falar na CPI tem que estar sob juramento de falar a verdade sob pena de cometer crime ao imputar aos outros crimes que estão sendo imputados aqui. A depoente por várias vezes imputou crimes como tortura, violência, perseguição e foi seguida por outros parlamentares que, na mesma toada, fizeram isso”, afirmou Gleisi.

“Portanto, se não tiver essa responsabilização sobre a depoente, essa sessão aqui é nula, nula para efeitos de indiciamento, de criminalização e nula para efeito do relatório do senhor relator. Quero que o senhor decida essa questão de ordem ou tornando nula essa sessão, esse depoimento, ou então que a convidada se transforme em testemunha e tudo o que ela disse aqui tem que ter a responsabilização. Precisa trazer provas”, destacou.O presidente da CPI, deputado Coronel Zucco (Republicanos-RS), negou o pedido da deputada, que anunciou que vai recorrer da decisão.

“Essa é uma audiência pública e esses são nossos convidados. Eles são convidados e podem fazer seu testemunho dessa forma”, afirmou Zucco.

Nelcilene se justificou dizendo que apenas testemunhou sobre o que viveu.

Convidados vão embora

Antes do final da audiência, os dois convidados foram embora, o que provocou protestos de governistas.

Zucco questionou se eles queriam sair e os dois convidados disseram que sim. Gleisi acusou a Mesa Diretora da CPI de induzir a saída dos convidados.

“Eu não orientei a testemunha. Ela só reclamou da agressividade contra ela, e ela e o marido disseram que queriam ir embora”, se justificou Salles. “Acho que ela tem direito de ir embora se ela quiser”.

Fonte: G1

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