Coluna Saúde ao Pé do Ouvido| O segundo cérebro, por Gisele Pena

Você já sentiu frio na barriga ao tomar uma decisão importante ou já passou por aquele “desarranjo” ao ficar nervoso?

Então, provavelmente, experimentou um momento de comunicação entre cérebro e intestino! Ou melhor, uma comunicação entre cérebro e o segundo cérebro. Sim, nosso intestino é dotado de neurônios! E a presença destas células não é exclusiva deste órgão, uma vez que estão distribuídas nas paredes do nosso sistema digestivo, desde o esôfago até o reto, em número que supera os 100 milhões.

Então, nosso sistema digestivo pensa? Não! Ou pelo menos não como nosso cérebro de fato! Na verdade, ele é capaz de se comunicar diretamente com nosso sistema nervoso central (SNC), de modo que há uma conexão íntima entre digestão, humor, saúde e comportamento. Portanto, a atividade do sistema digestivo pode afetar a cognição – habilidades de pensamento e memória.

Por exemplo, pesquisadores descobriram que uma irritação no sistema gastrointestinal pode enviar sinais ao SNC que gera mudanças no humor. Tal fato pode explicar porque pessoas que sofrem de síndrome do intestino irritável são mais susceptíveis a desenvolverem depressão e ansiedade.

Outro ponto interessante é a relação da microbiota ou flora intestinal (o conjunto de microrganismos que habitam o sistema gastrointestinal) e os sinais emitidos pelos neurônios do sistema digestivo. Estudos têm apresentado cada vez mais evidências de que desequilíbrios na microbiota estão relacionados ao desenvolvimento de doenças neurológicas como Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e afecções cerebrovasculares.

Em adição, outras doenças crônicas como diabetes, obesidade, cálculo renal e asma também podem ter seu desenvolvimento favorecido por essa condição.

“Todas as doenças começam no intestino”, disse Hipócrates, o pai da medicina, há mais de dois mil anos. Frente ao exposto, fica claro que o sistema digestivo pode ser usado como alvo no tratamento de diversas condições, bem como a importância de cuidarmos do mesmo para mantermos boa saúde.

Mas como?

Já foi demonstrado que o uso abusivo de cafeína, álcool, açúcar, alimentos ultra processados, medicamentos anti-inflamatórios e antibióticos, trigo e uma dieta pobre em frutas e verduras contribui para o desenvolvimento de lesão intestinal e desequilíbrio da microbiota.

Além disso, na nossa orelha existem áreas representativas dos nosso sistema digestivo, como os pontos do esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, por exemplo. A estimulação destes pontos, após cuidadosa avaliação em uma sessão de auriculoterapia, pode contribuir muito para melhorar a saúde.

Cuide-se!

Por @gisele_pena
Fisioterapeuta
PhD e MSc em Ciências Biológicas (Fisiologia)
Auriculoterapeuta
Email: [email protected]

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