Coluna Saúde ao Pé do Ouvido| Sono e saúde, por Gisele Pena

Como anda seu sono? Você acha que dorme o suficiente? Acorda descansado(a)? Saiba que estamos dormindo cada vez menos e com pior qualidade! Segundo a Organização Mundial de Saúde, 40% dos brasileiros apresentam distúrbio do sono.

Vários fatores estão contribuindo para dormirmos cada vez pior. Um grande inimigo do nosso sono nos dias atuais é a luz azul emitida por dispositivos eletrônicos, cada vez mais presentes no nosso cotidiano. Nossos antepassados dispunham apenas da luz solar; acordavam quando o dia clareava e adormeciam logo após o anoitecer. Nos dias atuais, salvo algumas exceções no mundo, as noites são bem iluminadas e muitos de nós ficamos frente a iluminação emitida pelas telas de computadores, celulares e tablets durante muitas horas. 

Mas como a luz azul prejudica nosso sono? Os comprimentos de onda da luz azul são benéficos durante o dia, porque aumentam nossa atenção, nosso tempo de reação e nos deixam mais despertos, mas à noite inibem a secreção de melatonina, um hormônio que induz ao sono. Assim, quando nos expomos a ela após o pôr do sol, estamos enviando ao cérebro uma mensagem para ficarmos alertas, justamente no momento em que deveríamos estar reduzindo a atividade e relaxando. 

Outro fator que nos priva de dormir é a atual necessidade de estarmos conectados vinte e quatro horas por dia! Vivemos em uma sociedade muito competitiva e dormir pouco virou sinônimo de esforço e competência. Abrimos mão de nossas horas de descanso para responder a mensagens, e-mails e trabalhar. 

Em adição, ainda existem as preocupações e pressões do cotidiano que perturbam a mente quando repousamos a cabeça no travesseiro: contas para pagar, responsabilidades com os filhos ou com os pais, futuro incerto e por aí vai! 

Resultado: a saúde paga o preço! No nosso sistema nervoso, a privação do sono causa desde dificuldades de concentração, de assimilar novas informações, déficits de memória até instabilidade emocional, depressão e alucinações. O sistema imunológico passa a produzir menos anticorpos e células de defesa denominadas linfócitos T, o que nos torna mais suscetíveis a infecções. Além disso, um sistema imunológico deficiente pode favorecer o rápido crescimento de tumores e ativar vias de inflamação no nosso corpo. O sistema endócrino também entra em desequilíbrio, prejudicando a função hormonal, o que pode causar infertilidade e alterações na libido, aumento da sensação de fome e do apetite por alimentos mais calóricos, aumento da pressão arterial e frequência cardíaca. Resumindo, dormir mal aumenta o risco de doenças cardiovasculares, metabólicas (como obesidade e diabetes), câncer, depressão, entre outras doenças crônicas.

Dormir não é luxo, mas sim um processo fisiológico essencial para o perfeito funcionamento dos nossos sistemas. Se você pode, limite o uso de dispositivos eletrônicos a noite, pratique exercícios físicos com regularidade para modular o estresse, faça atividades relaxantes e prazerosas que ajudem a esvaziar a mente, como a meditação. 

A auriculoterapia também pode ajudar muito nos distúrbios do sono. Além dos pontos específicos para sono, na orelha também há regiões que, quando estimuladas, reduzem a ansiedade, o estresse, desaceleram a mente e contribuem para o relaxamento. 

Durma bem e tenha mais saúde!

 

Por @gisele_pena
Fisioterapeuta
PhD e MSc em Ciências Biológicas (Fisiologia)
Auriculoterapeuta

E-mail: [email protected]

RECOMENDAMOS